Questionário aplicado pela Gazeta do Povo ouviu os 30 deputados federais e os três senadores da bancada paranaense em Brasília. Diferentemente dos políticos locais, a maioria se posicionou
Brasília - Quinze dos 33 representantes da bancada paranaense no Congresso Nacional são favoráveis ao afastamento do presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM). Apenas cinco aprovam a manutenção dele no cargo. Outros 13 preferem não se posicionar sobre a questão.
Os números são o resultado de uma enquete realizada na semana passada pela Gazeta do Povo com os 3 senadores e 30 deputados federais do estado. Eles responderam a cinco perguntas sobre o escândalo dos Diários Secretos da Assembleia. As indagações foram similares às feitas pelo jornal aos 54 deputados estaduais e publicadas na última segunda-feira.
Entre os parlamentares locais, apenas 12 manifestaram opinião e 42 se omitiram. Em Brasília, a proporção foi diferente – 23 congressistas opinaram (ao menos sobre alguma questão) e 10 optaram por não falar sobre qualquer pergunta. A maioria dos que não responderam disse que não queria interferir em um problema de outra esfera legislativa.
Do outro lado, os que se posicionaram defenderam que o assunto envolve a política e a sociedade paranaenses como um todo. “Essa crise é ruim para todo mundo. Falta de transparência e desvio de recursos são a negação do papel de qualquer parlamento”, disse o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB).
O tucano está entre os seis congressistas que tiveram o posicionamento mais crítico em relação à crise na Assembleia. Ele, Affonso Camargo (PSDB), Fernando Giacobo (PR), Dr. Rosinha (PT), Rodrigo Rocha Loures (PMDB) e Wilson Picler (PDT) defenderam o afastamento do presidente, da Mesa Diretora e de todos os diretores da Assembleia. Além disso, disseram que a presidência não tomou as medidas necessárias até o momento e que não é possível que os desmandos denunciados pela imprensa e apurados pelo Ministério Público tenham acontecido sem o conhecimento do alto comando da Casa.
“É necessário acabar com essa corrupção endêmica”, afirmou Picler. Rosinha declarou que a série de reportagens da Gazeta do Povo e da RPC TV é um marco para o estado. “O escândalo é tão grande que não tem como enfiar embaixo do tapete. A sociedade espera resultados e punições não apenas para os ‘bagrinhos’.”
Somente seis congressistas declararam que é possível que as irregularidades que vieram a público não fossem de conhecimento dos deputados que dirigem a Assembleia. Treze disseram o contrário e 14 preferiram não responder. Sobre as medidas para acabar com os problemas, seis afirmaram que a presidência executou as ações esperadas e 11 acham que elas foram insuficientes, enquanto outros 16 não responderam.
“A maioria das medidas tomadas pelo comando da Assembleia, como o afastamento de diretores e o recadastramento de funcionários, só ocorreu por pressão. Mas elas aconteceram”, afirmou o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB). Ele está entre os seis que reconheceram o trabalho da presidência contra os problemas.
Os cinco ex-deputados estaduais que hoje estão na Câmara Federal –André Vargas (PT), Angelo Vanhoni (PT), Cézar Silvestri (PPS), Hidekazu Takayama (PSC) e Ratinho Júnior (PSC) – não disseram ser favoráveis ao afastamento de Justus. A aceitação do presidente é melhor entre os antigos colegas de Assembleia do que entre os companheiros de partido. Dos cinco deputados do DEM, só Eduardo Sciarra e Luiz Carlos Setim disseram que ele não deveria ser afastado.
Abelardo Lupion e Alceni Guerra preferiram não responder. Cassio Taniguchi disse que Justus deveria ser afastado. Presidente estadual do partido, Lupion convocou para hoje uma reunião da executiva paranaense para discutir o escândalo e irá propor a criação de uma comissão de acompanhamento do caso, formada por membros da legenda de fora da Assembleia.
Entre os três senadores, apenas Osmar Dias (PDT) não quis se manifestar. “Não posso fazer pré-julgamento”, declarou. Os dois tucanos, Alvaro Dias e Flávio Arns, disseram ser favoráveis ao afastamento de Justus.
“Estou defendendo agora o mesmo que defendi durante a crise dos atos secretos do Senado, quando achava que o Sarney deveria ter sido afastado”, afirmou Alvaro. Ele e Arns concordam que o alto comando da Assembleia sabia dos desvios noticiados pela imprensa. “Eles tinham a obrigação de saber o que acontecia”, diz Arns.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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