sábado, 22 de outubro de 2011

A capital de todos





Fevereiro/2002 Edição 29

O projeto arquitetônico de Brasília rompeu com os padrões convencionais
conferindo à cidade o aspecto de modernidade

Edificada sob o cenário desconcertante dos cerrados, a capital federal - Brasília - contrasta com a aridez característica do centro-oeste brasileiro. A beleza de sua arquitetura com linhas leves e arrojadas, projetada por nada menos que Oscar Niemeyer, somada ao fato de ser o centro administrativo do país, são os primeiros fatores que a tornam atraente. Entretanto, quem chega à cidade com o intuito de conhecê-la se surpreende ao descobrir que Brasília também dispõe de cenários naturais incríveis e que apesar de ser “o cérebro das mais altas decisões nacionais” possui um perfil místico marcado basicamente pelo magnetismo de sua posição geográfica que é vista como um portal de energias positivas e pela profecia do “padre-santo”, São João Bosco, que em 30 de agosto de 1883 vislumbrou que no Brasil entre os paralelos 15º e 20º surgiria uma grande civilização “a Terra Prometida de onde emana o leite e o mel”.

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Foi exatamente na região profetizada
por São João Bosco que Brasília foi construída
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Foi exatamente na região profetizada pelo padre que se deu a construção de Brasília.
Construção esta que aconteceu em tempo recorde – três anos e dez meses. O planejamento de Brasília é considerado por muitos especialistas como sendo perfeito. A cidade foi traçada sob dois eixos - um monumental e um residencial - que lhe conferem o formato de um avião ou de borboleta, como preferia chamar o urbanista Lúcio Costa que juntamente com Oscar Niemeyer desenvolveram o Plano Piloto de Brasília.
O eixo residencial é dividido em Asa Norte e Sul. Já o outro eixo - o monumental - como o próprio nome já diz, abriga no lado leste os prédios públicos e palácios do Governo Federal; no centro, a rodoviária e a torre de televisão; e no lado oeste os prédios do governo do Distrito Federal.
Pode-se iniciar o passeio por Brasília pela Praça dos Três Poderes, situada no extremo leste. A praça sintetiza o conceito de “cidade-símbolo” que modelou toda a capital. Ela abriga o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e as esculturas “Os Candangos” - de Bruno Giorgi; “A Justiça” - de Alfredo Ceschiatti; e “O Pombal” - de Oscar Niemeyer. Os edifícios da praça transmitem a sensação de que se fundem com o céu.
O Palácio do Congresso proporciona uma imagem que merece ser retratada. Nele, as duas conchas uma côncava - a do Senado Federal - e outra convexa - a da Câmara dos Deputados - simbolizam o poder e a relação de contrapesos implícita no sistema bicameral.
Os blocos no formato da letra “h” têm 28 andares.
No interior do prédio do Congresso Nacional encontra-se um vasto acervo cultural e paisagístico. Quem o visita também não pode deixar de passar pelo museus e é claro pelos plenários e salões ocupados pelos legisladores da nação.

No topo da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida,
encontra-se a cruz que foi benzida pelo Papa Paulo VI

Ainda na Praça dos Três Poderes, outra construção que desperta encanto é o Palácio do Planalto, todo m transparente, sempre a refletir o sol nas suas paredes de vidro. No palácio as linhas curvas e retas foram utilizadas com maestria e requinte. Conhecido também como “Palácio dos Despachos”, o local é a sede do poder executivo.
Outro prédio que chama a atenção na Praça do Três Poderes é o do Supremo Tribunal Federal. O edifício é uma jóia arquitetônica que parece estar solta no ar. Na sua frente é que se localiza a escultura “ A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti. Do lado de dentro, a construção possui bustos de estadistas e juristas nacionais e belíssimas pinturas a óleo. O Salão Nobre, o Salão Branco e o painel de Athos Bulcão são os grandes destaques do lugar.
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A cidade foi traçada sob eixos que
lhe conferem o formato de um avião
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Saindo da Praça dos Três Poderes pode-se seguir para a Esplanada dos Ministérios. Ela é formada por uma série de prédios distribuídos harmoniosamente sem qualquer monotonia. No início da Esplanada, o turista pode admirar a exuberância da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. Confeccionada com 40 m de altura e 16 arcos de concreto armado circundados por um espelho d’água. No topo da catedral há uma cruz metálica de 12 m de altura que foi benzida pelo Papa Paulo VI, que doou o altar. A entrada da catedral faz-se através de uma área em declive de paredes negras tidas como zona de meditação. O local abriga uma réplica do Santo Sudário e a primeira réplica da Pietá de Michelângelo, feita em mármore e resina, pesando 600 kg. O interior é banhado pela luz natural filtrada pelos vitrais coloridos de Marianne Peretti.
O Palácio do Itamaraty também atrai muitos visitantes à Esplanada. Nele, fica a sede do Ministério das Relações Exteriores. Devido a sua fachada é conhecido como “Palácio dos Arcos”.
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Em 1987, Brasília foi reconhecida
como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade
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A frente do Itamaraty abriga a obra “Meteoro”, de Bruno Giorgi, formada por cinco blocos de mármore que representam os cinco continentes. A decoração interna do palácio se baseia no contraste entre o antigo e o moderno.
Seguindo em direção ao eixo monumental oeste, a próxima parada é a torre de televisão. Com 224 m de altura, é o centro irradiador de sons e imagens das emissoras de
rádio e tv. O mirante da torre tem capacidade para 150 pessoas. Além da vista panorâmica do mirante, dentro da torre as pessoas podem contemplar e adquirir jóias, pedras e metais preciosos no Museu Nacional de Gemas.
Ao lado da torre, quem desejar apreciar do alto outros pontos da cidade pode se dirigir ao heliporto e sobrevoar Brasília.No eixo monumental oeste o Planetário é mais um monumento que proporciona ótimos momentos de lazer. Nele são projetados documentários sobre astronomia e meio ambiente.
Todo este roteiro de inúmeras preciosidades arquitetônicas garantiram à cidade em 1987 o título concedido pela Unesco de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Mas não é somente pelo significado histórico e arquitetônico que Brasília vem se tornando um destino de viagem obrigatório. As suas riquezas naturais são tão abundantes quanto os seus magníficos monumentos. A proximidade de Brasília com diversos santuários ecológicos atrai os interessados no ecoturismo. Sim, falta mar.

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